Revolução, Capitães, Cravos, Liberdade e (Des)Evolução

A poucas horas do fim do dia em que se comemoraram 40 Anos da revolução dos cravos, não consigo deixar de ter neste dia uma visão cada vez mais negativa da forma como (não) celebramos este dia pelo seu real propósito e como cada vez mais a importância do dia e os seus símbolos vão acabando e desaparecendo aos poucos.
Até pelo triste e mau exemplo que o nosso presidente (e seguintes) deram hoje com picardias e bocas desnecessárias deu para perceber o pouco credito e respeito que tem não só pelos Heróis de Abril, mas também pelo pelo dia em si.
 E mesmo na rua cada vez mais o dia passa despercebido, e a não ser os cravos que ainda se vão vendo pela rua (mas mais de uma maneira comercial do que simbólica) e as musicas que ainda vão entoando e o dia passa cada vez mais despercebido, e é mais usado para ver montras e fazer compras. Não sendo muito velho sou do tempo em que em miúdo passava dias a ouvir o meu avô e alguns camaradas dele que esporadicamente iam aparecendo lá por casa, a contar historias da guerra colonial e a falar com orgulho e nostalgia do 25 Abril, esse sentimento que o meu avô e muitas pessoas da geração dele partilhavam cada vez se vai perdendo mais e corre no meu ponto de vista sérios riscos de desaparecer. Cada vez mais ouço gente a falar com saudades do Pre Revolução e a dizer que antes viviam melhor. E atenção que isto não vem de agora, lembro-me perfeitamente que ainda a uns anos atrás Salazar foi eleito democraticamente como o "Maior Português de Sempre", acho que isto prova bem a forma como vamos tratando as pessoas que tanto fizeram pela democracia em que vivemos hoje.
Usamos as musicas da altura para protestar hoje em dia porque pura e simplesmente parece estar na moda fazer isso, não por um verdadeiro sentido revolucionário, e trocamos os símbolos e os heróis de Abril por justins biebers, directions e guettas e mais herois falsos e vazios e por outras coisas coloridas e brilhantes que a comunicação social usa para nos encher a cabeça e distrair do que realmente importa.

"Fado, Futebol e Familia" sempre actual.... 


E como a musica esta sempre presente neste blogue, fica a musica preferida do meu avô, uma que ele ouvia vezes e vezes seguidas, tantas que dava comigo em maluco. Ainda hoje em dia passa muitas vezes em minha casa, para mim e para o meu pai é uma forma de mantermos a memoria do meu avô viva e presente. 

Zeca Afonso - Venham Mais Cinco 

"Venham mais cinco, duma assentada que eu pago já 
Do branco ou tinto, se o velho estica eu fico por cá 
Se tem má pinta, dá-lhe um apito e põe-no a andar 
De espada à cinta, já crê que é rei d'aquém e além-mar"